Crise na Previdência do Amapá ganha repercussão nacional após nova reportagem do Estadão

A crise envolvendo a Amapá Previdência (Amprev) voltou ao centro do debate nacional nesta quarta-feira (3), após o Estadão revelar novos detalhes sobre a atuação de José Milton Gonçalves, um dos responsáveis pela aplicação de R$ 400 milhões do fundo estadual em letras financeiras do Banco Master sem garantias. O caso, que já preocupa servidores públicos do Amapá, agora se destaca como parte de um problema muito maior que atinge também outros Estados, como Rio de Janeiro e Amazonas.
A reportagem mostra que Gonçalves responde por crime de gestão temerária por investimentos que geraram prejuízos a aposentados de Macapá. Em setembro, a Justiça determinou a sua destituição do comitê de investimentos da Amprev após o Ministério Público apontar falta de “capacidade técnica” e “idoneidade moral”. Mesmo assim, ele permanece no cargo e recorre da decisão.
O escândalo do Amapá não é caso isolado. Segundo o Estadão, institutos de previdência de outros Estados também fizeram grandes aportes no Banco Master, hoje liquidado pelo Banco Central após suspeita de fraude de R$ 12 bilhões, um esquema que teria usado créditos falsos para esconder a insolvência da instituição.
No Amapá, as relações políticas envolvidas aumentam ainda mais a pressão. Milton foi nomeado pelo governador Clécio Luís e mantém proximidade com Josiel Alcolumbre, irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A família Alcolumbre, inclusive, tem influência direta na estrutura da Amprev: o presidente do fundo, Jocildo Lemos, e um membro do conselho fiscal foram indicados pelo senador.
A reportagem relembra ainda que Gonçalves já havia sido alvo da Operação Encilhamento, da Polícia Federal, por outro investimento irregular quando integrava o comitê da Macapá Previdência (Macaprev). O aporte de R$ 4 milhões no Fundo Barcelona Renda Fixa, feito sem estudo prévio e contrariando normas do Conselho Monetário Nacional, resultou em prejuízo e suspeitas de conflito de interesses.
Mesmo diante do histórico, o Conselho Estadual de Previdência decidiu manter Gonçalves no cargo, argumentando que aguardaria o trânsito em julgado dos processos. A Amprev reforçou essa posição em nota enviada ao Estadão, afirmando que não fará alterações nos comitês enquanto não houver decisão definitiva na Justiça.



