Crise na saúde do Amapá ganha destaque nacional em reportagem do Domingo Espetacular
A grave situação da saúde pública no Amapá voltou a ganhar repercussão nacional. O programa Domingo Espetacular, da Record TV, exibiu neste domingo (26) uma reportagem que mostrou o impacto da dívida milionária do Governo do Estado com o Hospital São Camilo, único da rede conveniada especializado em casos de alta complexidade no estado.
De acordo com a reportagem, o hospital rompeu o contrato com o governo após o não pagamento de R$ 98 milhões referentes a atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A suspensão dos serviços deixou centenas de pacientes sem atendimento, incluindo casos graves e cirurgias de urgência.
Um dos casos relatados foi o de Edilene Batista Siqueira, de 37 anos, que descobriu um tumor no intestino e aguardava uma cirurgia urgente. Sem vaga disponível e com o contrato entre o hospital e o SUS esgotado, a família acionou a Justiça, mas o procedimento não chegou a ser realizado. Edilene morreu sem conseguir a operação.
“Mesmo com a decisão do Ministério Público, a assistência social não fez nada. A saúde aqui está abandonada”, desabafou o pai da paciente em entrevista ao programa.
A reportagem destacou que o Hospital São Camilo é responsável por cerca de 500 internações por mês pelo SUS, incluindo cirurgias cardíacas e atendimentos de UTI neonatal. Mesmo após determinação judicial que obrigou o retorno dos serviços e impôs multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento, os atendimentos não voltaram ao normal, segundo funcionários ouvidos pela equipe da Record.
A paciente Nilva, que aguardava uma cirurgia cardíaca marcada para 20 de outubro, também foi prejudicada com o cancelamento do procedimento. “Quando recebi a mensagem, me deu um desespero. Corro o risco de sofrer um infarto”, relatou.
O Hospital São Camilo informou, em nota, que não vai se manifestar até a audiência de conciliação marcada pela Justiça do Amapá para o fim do mês.
Especialistas ouvidos pelo Domingo Espetacular alertaram que o Estado tem obrigação legal de garantir o atendimento aos pacientes, inclusive realocando os casos que ficaram sem cobertura durante a suspensão dos serviços.
“A falta de pagamento e de fiscalização ativa é o que chama atenção. Não se trata de um débito pequeno. São valores que chegam a R$ 100 milhões”, afirmou um advogado especializado em direito da saúde.
A crise entre o governo e o Hospital São Camilo agrava o cenário da saúde pública no Amapá, já marcado por denúncias de falta de profissionais, cortes de plantões e precarização do atendimento em outras unidades geridas pela Fundação de Saúde do Amapá (Fundesa).



