
Os médicos que atuam na UPA Zona Sul, Unidade de Internação Estadual (UEI) e Anexo do Hospital de Emergência de Macapá anunciaram nesta sexta-feira (24) a paralisação total dos atendimentos, em protesto contra o atraso de dois meses no pagamento dos honorários. De acordo com os profissionais, setembro e outubro de 2025 seguem sem qualquer previsão de quitação.
A decisão foi formalizada em documento enviado ao Governo do Estado, à Fundação de Saúde Amapaense (Fundesa) e ao Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP). Segundo o comunicado, a medida tem amparo legal e ético, prevista na Constituição Federal, na Lei de Greve e no Código de Ética Médica, que permitem a suspensão das atividades quando há descumprimento contratual e risco à dignidade profissional.
Durante a paralisação, serão mantidos apenas os atendimentos de urgência e emergência, que são casos classificados como vermelho e laranja, conforme o protocolo médico. As demais consultas, atendimentos ambulatoriais e procedimentos eletivos estão suspensos por tempo indeterminado.
Transição de gestão e impasse financeiro
Os médicos afirmam que a paralisação ocorre em meio à transição de gestão da Fundesa para a empresa Mediall, que deve assumir a administração das unidades nos próximos dias. Entretanto, a Fundesa estaria deixando o comando sem efetuar os pagamentos em atraso, e a nova empresa não assumirá os débitos anteriores, o que deixa os profissionais sem garantia de recebimento.
O documento assinado pelos médicos destaca que a categoria já enfrentou episódios anteriores de atraso e risco de calote, o que levou à decisão de interromper as atividades até que haja a regularização integral dos valores pendentes.
Pedido de providências
No comunicado, os profissionais pedem intervenção imediata do Governo do Estado e da Fundesa para quitar os meses de setembro e outubro, além de solicitar acompanhamento do CRM-AP e do Sindicato dos Médicos para garantir respaldo legal e ético durante o movimento.
A categoria também reforça que a paralisação não configura abandono de função, mas um ato legítimo de defesa da dignidade e do exercício ético da medicina, assegurando que os plantões essenciais e os atendimentos de risco iminente continuarão funcionando normalmente.
“Colocamo-nos à disposição para o diálogo, desde que haja garantia formal de pagamento integral dos meses em aberto”, diz a nota assinada pelos médicos das três unidades.
Crise na saúde
A paralisação desta sexta-feira é mais um reflexo da crise enfrentada pela saúde pública do Amapá, marcada por atrasos salariais, suspensão de contratos e interrupção de atendimentos em diferentes unidades. Nas últimas semanas, diversas instituições e empresas prestadoras de serviço denunciaram dívidas acumuladas do governo estadual, que já ultrapassam milhões de reais e afetam diretamente o funcionamento da rede hospitalar.



