Economia

Uma semana após prisão do presidente do Grupo Master, diretor da Amapá Previdência segue no cargo

Uma semana após a prisão de Daniel Vorcaro, presidente do Grupo Master, e seis dias depois de o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, o diretor-presidente da Amapá Previdência (Amprev), Jocildo Lemos, permanece no cargo. Ele é o responsável direto pelo investimento de R$ 400 milhões da previdência estadual no banco, um dos maiores aportes já feitos por um regime próprio de previdência no país, e segue mantido no posto por decisão do governador Clécio Luís, mesmo diante da crise nacional envolvendo a instituição financeira. Josildo é indicado do senador Davi Alcolumbre.

O caso ganhou ainda mais repercussão após ser destaque no Fantástico, da TV Globo, neste domingo. A reportagem expôs a dimensão do risco assumido pela Amprev ao investir recursos previdenciários estaduais em Letras Financeiras (LF) do Banco Master, títulos que funcionam como um empréstimo ao banco, sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), ou seja, sem proteção em caso de quebra da instituição.

Em 2024, a Amprev aplicou R$ 400 milhões em operações do Grupo Master, o equivalente a 4,7% do patrimônio líquido da instituição financeira. Com isso, o Amapá se tornou o segundo maior investidor entre todos os regimes próprios de previdência do país. O volume chama atenção porque esses recursos fazem parte do patrimônio acumulado para garantir o pagamento futuro das aposentadorias e pensões dos servidores estaduais.

O Fantástico mostrou que alertas internos sobre a fragilidade do banco já haviam sido feitos por conselheiros da Amprev, mas foram ignorados pela gestão. A crise do Master se agravou rapidamente, culminando na prisão de Vorcaro e na liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central, motivada por grave crise de liquidez e violação das normas do sistema financeiro.

Mesmo diante do cenário de incerteza, Josildo Lemos segue conduzindo a previdência estadual. Em coletiva de imprensa concedida no último dia 18, ele afirmou que o pagamento dos beneficiários “está garantido”, apesar de não detalhar como o rombo potencial causado pela liquidação do Master poderá afetar o equilíbrio a longo prazo do fundo previdenciário.

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