
A decisão do Governo do Amapá de transferir o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTRAN) do bairro São Lázaro, na Zona Norte de Macapá, para dar lugar à Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (ROTAM), tem provocado forte reação dentro da Polícia Militar, entre moradores da região e até no legiislativo estadua. Policiais denunciam que a medida foi tomada de forma arbitrária, sem diálogo com a tropa nem com a comunidade local, e apontam motivações políticas por trás da mudança.
De acordo com informações repassadas ao Portal 1 Norte por um cidadão que preferiu não se identificar, a desmobilização do BPTRAN já começou. Pelo menos seis policiais teriam sido transferidos recentemente para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), onde atuariam em funções ligadas ao Palácio do Governo. A fonte afirma que a retirada dos militares enfraquece a fiscalização de trânsito em Macapá. Atualmente, apenas uma equipe estaria nas ruas para atender a todas as ocorrências da capital.
“O resultado é o que vemos todos os dias: acidentes, motociclistas usando descargas barulhentas e a desordem no trânsito. Tudo isso porque o batalhão que cuida dessa área está sendo desmontado por interesses políticos”, relatou a fonte.
Denúncias e bastidores da decisão
O governo tem justificado a troca como uma medida para fortalecer o combate às facções criminosas, destacando a importância de uma base da ROTAM na Zona Norte. No entanto, fontes internas da própria PM apontam que a decisão esconde disputas internas e interesses políticos.
Nos bastidores, a mudança seria resultado de uma promessa do Comando-Geral da PM à ROTAM, unidade considerada o “braço de elite” da corporação e que mantém forte proximidade com o governador. O prédio do BPTRAN, recentemente reformado, seria visto como um espaço mais adequado para abrigar a tropa tática, diferente da atual sede da ROTAM, em condições precárias.
A transferência, no entanto, ameaça uma estrutura construída com esforço dos próprios policiais. O espaço do BPTRAN foi obtido após anos de mobilização dos militares, que recuperaram uma antiga fábrica abandonada e transformaram o local em sede da unidade.
Deputado cobra explicações
O deputado estadual R. Nelson Vieira visitou o BPTRAN no dia 23 de setembro e se posicionou contra a mudança. Durante a visita, ele conheceu os projetos sociais realizados no batalhão e destacou a importância da unidade para a Zona Norte.
“O BPTRAN foi construído com suor e união dos próprios policiais. Agora o governo quer despejar o batalhão para cumprir uma promessa política. Isso é um desrespeito com a tropa e com a comunidade”, afirmou o parlamentar, que cobra explicações do Comando-Geral da PM e do Governo do Estado.
R. Nelson também disse ter recebido reclamações de policiais sobre a condução da mudança. “Os próprios militares relatam que não houve debate, nem consideração com quem trabalha no local. A decisão parece mais fruto de vaidade do comando do que de planejamento técnico”, criticou.
Consequências para a segurança pública
A possível transferência do BPTRAN para uma sala no Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE) preocupa os policiais e os moradores. Além da perda da sede, há temor de que o batalhão perca autonomia e enfraqueça sua atuação na capital.
Com a desmobilização da unidade, instituições que atuam em ocorrências de trânsito, como Corpo de Bombeiros, Delegacia de Trânsito, Polícia Científica e Samu, também podem ser afetadas pela sobrecarga e lentidão no atendimento.



