Contra atraso de salários, profissionais da saúde protestam na Maternidade Bem Nascer, em Macapá

Trabalhadores denunciam atrasos salariais, falta de repasses da Sesa e precarização nas condições de trabalho na única maternidade do estado com contratações por processo seletivo
Os profissionais da Maternidade Bem Nascer, em Macapá, realizaram na manhã desta segunda-feira (20) um ato de protesto em frente à unidade para cobrar o pagamento de salários atrasados e melhores condições de trabalho. A mobilização foi organizada pelo Sindicato dos Servidores da Saúde do Amapá (Sindsaúde-AP) e reuniu trabalhadores que denunciam uma situação “insustentável” sob a gestão da Organização Social (OS) Ouvídio Machado, contratada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
De acordo com o sindicato, cerca de 150 a 200 trabalhadores da maternidade estão sendo diretamente afetados pelos atrasos. Além dos vencimentos pendentes, os profissionais relatam falta de pagamento do FGTS, ausência de reajustes salariais, condições precárias de repouso e demora no repasse do piso nacional.
“O repasse da Sesa para a OS está atrasado, e quem paga a conta são os trabalhadores. As contas se acumulam, e o desrespeito com quem mantém o SUS funcionando é enorme”, afirmou o presidente do Sindsaúde-AP, Kliger Campos.
Segundo ele, mesmo com os atrasos, a maternidade abriu recentemente um processo seletivo para novas contratações, o que revoltou ainda mais a categoria. “É uma contradição abrir novas vagas quando quem já está trabalhando não recebe. Isso mostra o descaso e a falta de gestão”, criticou.
O Sindsaúde informou que tentou contato com a secretária de Saúde para buscar uma solução, mas os prazos acordados não foram cumpridos. A entidade cobra que o governo efetive o repasse à Ouvídio Machado para garantir o pagamento dos salários e cobra ainda o fim da terceirização na saúde.
A Maternidade Bem Nascer é a única unidade do estado onde as contratações ocorrem por processo seletivo. Nas demais unidades, segundo o sindicato, o ingresso de profissionais costuma ocorrer por indicação política.
Críticas à terceirização
O movimento desta segunda-feira também serviu como manifestação mais ampla contra o que os trabalhadores chamam de “precarização e sucateamento do SUS” no Amapá. De acordo com a vice-presidente do Sindsaúde, Deolinda Nascimento, a gestão atual do governo do Estado tem privilegiado a terceirização dos serviços de saúde, e isso ocasionou uma série de prejuízos para o setor.
“A gente sempre alertou o governo sobre esse processo de terceirização dos serviços, mas ele deu preferência pra isso, e o que a gente vê hoje é esse caos na saúde. O rompimento no São Camilo trouxe uma superlotação no HE, no Hcal e na Maternidade. A consequência disso é que as outras unidades, que estão na retaguarda, sofrem com os atendimentos reduzidos para a população, superlotando os hospitais”, explicou Deolinda.



