Política

Jesus Pontes critica ausência de pautas amazônidas na COP 30

Durante participação no programa Conexão Amapá, na Rádio Equatorial, na última segunda-feira (10), o deputado estadual Jesus Pontes (PDT) avaliou de forma crítica os debates da COP 30, que acontece até o dia 21 em Belém. Membro da Comissão de Agricultura e Abastecimento da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), o parlamentar explicou que optou por não participar do evento por considerar que as discussões internacionais sobre o clima não refletem os problemas reais dos amazônidas.

“Participei há dois anos dos Diálogos Amazônicos, evento preparatório da COP, tentando debater temas que afetam de verdade a nossa região, como tratamento de resíduos sólidos, segurança pública nas fronteiras, regularização fundiária. Mas não vi espaço para o diálogo sobre a Amazônia real. Há muita gente discutindo o planeta, mas esquecendo o nosso rincão”, afirmou.

Segundo Pontes, a ausência de temas concretos que impactem diretamente a população da Amazônia, em especial a do Amapá, motivou sua decisão. “Como parlamentar e filho dessa terra, não senti que ali havia espaço para tratar dos nossos problemas. Prefiro continuar discutindo a Amazônia a partir dela mesma”, disse.

O deputado também ponderou que, embora reconheça a importância da COP 30, não vê resultados práticos das edições anteriores:

“Acho um evento importante para o mundo e para os irmãos paraenses, mas continuo na torcida como espectador. Ainda não vejo caminhos palpáveis que tragam soluções para o povo do Amapá.”

Segurança alimentar

Durante a entrevista, Jesus Pontes aproveitou para chamar atenção a um problema que, segundo ele, deveria estar na pauta de um evento global como a COP: a “Vassoura de Bruxa da Mandioca”, fungo que tem afetado lavouras em várias regiões do Amapá e colocado em risco a principal base alimentar e econômica de pequenos produtores.

“O que está em jogo é a segurança alimentar do nosso povo. A farinha de mandioca, a nossa ‘Farinha da Baguda’, é o principal carboidrato e fonte de renda do pequeno produtor. No Oiapoque, por exemplo, comunidades indígenas perderam boa parte da produção que antes era exportada até para a Guiana Francesa”, alertou.

O deputado destacou que, apesar dos esforços recentes do Governo do Estado, do Governo Federal e da Embrapa, o enfrentamento da praga ainda demanda respostas mais rápidas e coordenadas.

“A Vassoura de Bruxa se espalha pelo vento, pela roupa de quem visita uma lavoura contaminada, até pelas rodas dos carros. É um problema grave, que precisa de um olhar criterioso e urgente. E um olhar da COP sobre isso seria muito bem-vindo. Porque, se não enxergam as pessoas, também não enxergam o meio ambiente. Nós fazemos parte dele”, reforçou.

Otimismo

Apesar das críticas, Jesus Pontes se mostrou otimista com o futuro do Amapá e lembrou que a valorização das cadeias produtivas e do homem do campo passa também pelo trabalho realizado pela Assembleia.

“O Amapá é um lugar de oportunidades. Tenho trabalhado pela regularização fundiária, que considero o grande patrimônio do nosso povo. Isso vai permitir um salto tecnológico, estrutural e econômico. Com o manejo florestal sustentável, a desburocratização ambiental e o fortalecimento dos servidores, podemos viver um novo ciclo de prosperidade”, destacou.

O parlamentar acredita que o estado está prestes a viver um “segundo ciclo de desenvolvimento”, impulsionado pelo manejo florestal, pela agricultura e pelo advento do petróleo.

“Assim como tivemos o ciclo mineral da Icomi no passado, agora teremos um novo tempo. A transição energética e a economia sustentável podem transformar a vida das pessoas. Eu acredito nesse futuro e continuo trabalhando por ele”, concluiu.

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